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O Cliente Perfeito

Uma perspectiva diferente do mundo encantado do atendimento ao público!

O Cliente Perfeito

Uma perspectiva diferente do mundo encantado do atendimento ao público!

Vudu

Ontem li um post (num blog que não me lembro qual, que nervos!) que resumidamente contava uma situação que uma pessoa tanto lhe perguntava se ela estava doente, que ela acabou mesmo por ficar. Isto lembrou-me de uma vez que fui trabalhar engripada, tinha passado o dia todo pela hora da morte, como se costuma dizer. Fui jantar, tomei uns comprimidos e comecei a sentir-me melhor.

Não quando, uma senhora se aproxima da caixa para pagar qualquer coisa e reparou que eu estava doente. O estado lastimável do meu nariz de tanto me assoar, não deixava margem para dúvidas, mas sem ser isso sentia-me bem. Quando a senhora me diz:

 

"A menina está muito mal, não devia estar aqui. A menina está mesmo, mesmo muito mal. Devia ir embora".

 

Eu sei que a senhora dei meia volta e foi embora, e eu comecei a sentir super mal, tive que me sentar no chão do balcão porque achei mesmo que ia desmaiar, a minha colega veio em meu socorro e tudo. Eu sou daquelas pessoas que não acredita em nada destas coisas, mas que aquela porra foi estranha foi.

 

Barreira Linguística

Com a globalização acelerada que ocorre no nosso mundo, ser lojista tem vindo a tornar-se mais complicado para quem tem mais dificuldade em línguas (estrangeiras, não sei que estavam a pensar). Mas nada temam meus amigos, pois cá eu acho que o essencial e necessário é ser desenrascado. Para resolver problemas de comunicação mais graves, como por exemplo com pessoas chinesas que muitas vezes nem inglês básico falam, já me apanhei em situações de ter que fazer desenhos, escrever o total da conta em números gigantes ou falar para o tradutor do telemóvel do cliente. Ou clientes russos a apontarem compulsivamente para o telemóvel a tentarem mostrar-nos que o pagamento saiu duas vezes da conta e nós a tentar explicar que o nosso MB não deixa isso acontecer. Não perceberam, saíram da loja a chamar-nos nomes feios, calculei eu porque não entendi patavina.

Mas quando eu achei que o problema vinha do outro lado do mundo, os nossos queridos vizinhos espanhóis fazem sempre o favor de nunca perceber nada do que eu diga e acabo por falar com eles em inglês. Eu percebe-os perfeitamente, mesmo sem noções avançadas da língua, mas para eles o nosso português anda perto do chinês. Ou quando uma senhora brasileira me pergunta se temos um "tomara que caí" em preto, e eu tive que ir perguntar à minha colega mas que raio era aquilo. Era um sutiã cai-cai, a verdade é que nunca mais me esqueci. Depois, para melhorar, inventaram uma coisa maravilhosa chamada Tax-Free*, que para acontecer os cliente precisam de nos dar algumas informações, que por vezes só vai lá com gestos.

 

Mas o problema não vem só la de fora, as vezes comunicar com pessoas de outra região do nosso Portugal é um verdadeiro desafio. Sendo eu, uma rapariga do centro do país, a primeira vez que me pediu uma meia-calça, lá fui eu toda contente mostrar leggings à senhora. Mas afinal o que ela queria mesmo eram collants. Ou quando me perguntaram se podia levar uma cruzeta para casa, fiquei uns segundos a pensar "mas que raio é uma cruzeta?", nada mais nada menos que um cabide. Ou ainda, quando as senhoras chamam bikini às cuecas interiores, uma pessoa toca de mostrar bikinis atrás de bikinis e afinal a senhora só quer um par de cuecas.

 

Afinal, ainda se aprendem umas quantas coisas dentro das lojas!

 

*O Tax-Free é a isenção do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) no regime dos viajantes com residência fora da União Europeia.