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O Cliente Perfeito

Uma perspectiva diferente do mundo encantado do atendimento ao público!

O Cliente Perfeito

Uma perspectiva diferente do mundo encantado do atendimento ao público!

O Entrevistado Perfeito #1

Ora que estou de volta, depois de uma pausa forçada. Estou de volta e espero que vocês também voltem aqui a este cantinho para a acompanhar as histórias e outras coisas dos nossos estimados clientes.

No outro dia uma seguidora deixou-me um comentário a pedir algumas dicas para por em práticas durantes as entrevistas para trabalhar em lojas. Pois bem, mesmo só tendo trabalhado em duas lojas (cada uma durante alguns anos), fui a inúmeras entrevistas em diferentes marcas, principalmente quando estava à procura da minha primeira experiência profissional.

Já fui a entrevistas com gerentes de loja, com sub-gerentes, com chefe da empresa, com pessoal dos recursos humanos e fui entrevistada em bancos dos centros comerciais, no meio do armazém, nos corredores entre lojas, enfim infinitos locais. Com isto, a primeira coisa que se devem mentalizar é que nenhuma entrevista será igual.

A minha primeira dica é pesquisarem bem sobre a empresa em causa, saber em que ano foi criada, que artigos vende, quantos lojas tem em Portugal e se existem mais marcas dentro da mesma empresa. Depois é sempre importante demonstrar gosto pelo o que a marca vende, é importante adaptarmo-nos ao estilo da marca, se for por exemplo uma loja de artigos de deportos e nós praticarmos alguns desportos, então é importante passar essa informação ao entrevistador.

É sempre importante demonstrarmos que conseguimos ter um discurso formal, isto é, que conseguimos comunicar com qualquer tipo de cliente e que a satisfação do cliente é a nossa prioridade. É fundamental estarmos preparados para aquelas perguntas clássicas, tais como: porque entregou o seu currículo na nossa loja; qual era a sua intenção profissional quando iniciou o seu curso superior (caso o tenham); quais as suas maiores qualidades e defeitos; o que acha ser preciso para trabalhar em equipa.

Não existe uma resposta certa ou errada, eu acredito que é preciso existir sinceridade, calma e se conseguirmos criar alguma empatia com o entrevistador, ainda melhor. É preciso ler os sinais faciais do entrevistador e saber quando devemos parar o nosso discurso ou continuar.

A minha última dica é que sejam sempre sinceros acerca do vosso percurso profissional e se ainda não o iniciarem, demonstrar que estão disponíveis e dispostos a aprender rápido e a esforçarem o mais que podem.

Erros fatais no currículo!

Hoje venho falar de uma coisa que não vem ao acaso, mas indiretamente está relacionado com o assunto geral do blog. Acho que nunca falei disto aqui, mas a minha área de formação é a gestão de recursos humanos (sim, sou uma pessoa masoquista), não é que vos interesse muito mas tenho que fazer esta introdução para me dar alguma legitimidade para falar sobre este assunto. 

Vou falar dos erros e falhas que muitas pessoas ainda cometem nos currículos. Erros que podem muitas vezes causar uma primeira impressão menos boa e em casos extremos, fazer com que essa pessoa não seja chamada nem para a primeira entrevista. E sim, eu sei que hoje em dia as empresas são demasiado picuinhas, que querem pessoas com 22 anos com 10 anos de experiência e coisas que tal. Mas é por isso que venho aqui apelar que não cometam erros básicos no currículo, porque esta é a vossa primeira forma de contacto com o empregador. E como todos nós sabemos, a primeira impressão conta e muito.

Passo a demonstrar alguns erros:

 

1) As fotografias ou a falta delas: Meus amigos como é que ainda em pleno século XXI certas pessoas acham que a fotografia que tiraram na outra noite na discoteca é digna de estar no currículo? A fotografia que colocam no currículo tem que ser muito simples, com o plano de fundo mais branco que arranjarem, onde estejam direitos, com uma maquilhagem moderada e não a maquilhagem de quem vai para o engate mas entretanto viu o ex e borrou o rímel todo com o choro. E depois existem aquelas pessoas que ocupam metade do currículo só com a fotografia e que até assusta quando uma pessoa abre aquilo no computador. E por fim, as pessoas que simplesmente não colocam fotografia. Eu pergunto porquê? Haverá alguma razão que eu desconheça? Não nos iremos conhecer numa eventual entrevista?

 

2) A idade: Este é um drama gigante, que eu bem sei que tem alguma razão de ser. Porque infelizmente no nosso país as pessoas mais velhas têm poucas oportunidades e então decidem simplesmente não colocar a sua data nascimento. Do ponto de vista do recrutador dificulta um pouco o nosso trabalho e por vezes pode tornar uma primeira entrevista telefónica mais constrangedora. 

 

3) Cronologia: Muitas pessoas evitam por datas no currículo. Ou porque simplesmente não se recordam das datas correctas ou porque não acham necessário. Ok, não é preciso colocarem o dia e a hora, mas o mês e o ano é necessário. Confirmar a estabilidade ou instabilidade profissional de um candidato é um exercício necessário que qualquer empregador faz, por isso não dificultem. 

 

4) Cuidado com a originalidade: Muitas pessoas gostam de fazer um currículo diferente do formato normal europeu, até aí tudo certo. Mas cuidado com o excesso de originalidade, por vezes é complicado retirar informações cruciais de um currículo que esteja demasiado elaborado. Temos que adaptar o nosso currículo à nossa área de formação, se somos da área do marketing digital é importante que o currículo seja diferenciador, mas, se somos da área da banca secalhar já não será assim tão fundamental... digo eu, é possível que esteja errada.

 

5) Os anexos: Ter certificados de línguas, workshops, cursos, cartas de recomendação é muito importante e fundamental. Mas também é importante adaptarmos o nosso currículo à vaga à qual nos estamos a candidatar. Será mesmo necessário aquele certificado do curso informático nível 4 quando nos estamos a candidatar à vaga no talho? (Foi só um exemplo exagerado).

 

6) A composição: Esta é uma situação que me faz panicar bastante. Existem pessoas por este mundo fora que escrevem toda a sua experiência profissional e académica em texto corrido, passo a demonstrar: "Após ter terminado a minha licenciatura em administração pública na faculdade tal, iniciei a minha atividade profissional como secretária na empresa X, onde as minhas principais funções são a organização documental, atendimento telefónico e marcação de reuniões. O meu contrato terminou porque isto e aquilo." e isto continua por longas páginas. Qual é a necessidade de fazer isto quando existem tantos modelos de currículos que colocam toda a informação por pontos, para que sejam bem visíveis e para que o processo de recolha de informação seja rápido?

 

7) A terceira pessoa: Eu nem sabia que tal coisa podia acontecer até ter lido com os meus próprios olhos. Pessoas que escrevem toda a sua apresentação no currículo na 3ª pessoa, passo a demonstrar: "O Pedro demonstra excelentes capacidades de comunicação e de liderança. Acabou a sua licenciatura em 2015 (...)", como é isto possível?!

 

8) As redes sociais: Esta já foi muito falada mas continua actual. Distingam bem uma rede profissional de uma rede mais social e pensem bem o que devem colocar em cada uma. Hoje em dia uma rápida pesquisa no Google resulta em encontrar todo o tipo de coisas maravilhosas.

 

9) Erros e mentiras: Primeiro, é fundamental que revejam uma e duas vezes (as vezes que forem precisas) o vosso currículo, não enviem, nunca, um currículo com erros ortográficos. Segundo, não mintam acerca da vossa experiência profissional. Não mintam nos motivos de saída porque facilmente se consegue fazer um controlo de referências, e, em muitos casos a sinceridade pode compensar. E por fim, descrevam as vossas funções, não escrevam apenas "lojista" e fiquem à espera que a outra pessoa que está a ler vosso currículo adivinhe quais as vossas tarefas diárias. 

 

E por último um conselho: Coloquem sempre os vossos contactos no início do currículo onde seja bem visível. Se a vossa área é mais técnica e utilizam programas específicos não tenham medo de colocar todos, por vezes as empresas podem procurar alguém que tenha experiência num programa específico.

 

Ups, isto ficou um bocadinho mais longo do que esperava. Mas espero que vos ajude de alguma forma. Na situação actual em que estamos, todos nós sabemos que a procura de emprego não é uma tarefa fácil então não vamos nós dar tiros nos próprios pés!

 

E quando...

Uma noite, estavamos todas a fazer o inventário, a loja já tinha fechado à uma hora. As luzes estavam acesas porque andavamos lá todas pela loja, a contar coisas. E quando do nada, uma senhora começa a bater na montra enquanto grita "Passo entrar? É só um bocadinho, só para comprar umas coisinhas?".

 

A minha chefe veio lá do fundo e grita-lhe um "NÃO!".

 

Bem-feita!

Fui enganada!

Aproveitei o fim-de-semana prolongado (viva aos feriados) e rumei ao norte, mas precisamente até ao Porto. Sitio que só tinha ido de passagem, mas do qual toda a vida ouvi maravilhas. E mais, toda a gente que conheço do norte sempre me disse que o atendimento por lá é diferente, mais atencioso mais sincero. Aliás, o meu pai é nortenho e as duas frases que mais diz por ano são "no norte é que é" e "as pessoas do norte é que são", então eu ingénua acreditei. As coisas começaram logo a azedar quando nos deparamos com a funcionária do hostel onde ficamos a dormir, que apesar de ter um sotaque profundo do Porto que eu pessoalmente adoro, foi uma das pessoas mais apáticas que já me passou pela frente. Quando lhe perguntávamos alguma coisa, quase respondia em sussurro e só quando ficou sozinha com a minha amiga é que lhe fez um sorriso tímido. Eu nunca lhe vi os dentes. 

As coisas não melhoraram nos cafés, nem nas lojas típicas, nem nos restaurantes. As pessoas na rua esbarravam em nós como se fossemos invisíveis ou secalhar só apanhamos turistas e pessoal de Lisboa, que é conhecido por andar sempre com pressa. Só no último dia é que quando entrei numa pastelaria típica perto do mercado do Bolhão, a rapariga que me atendeu era uma pessoa realmente feliz com a vida. Não se importou nada de me explicar as dezenas de tipos de pão e bolos que vendem, perguntou-me de onde somos e ainda nos contou a sua experiência por Lisboa. Foi esta funcionária que repôs a minha fé no atendimento. 

O resumo que retirei é que o Porto é lindo, a comida é maravilhosa, mas ser lojista é difícil em qualquer parte do país. Ou secalhar, tivemos só azar.

Um pequeno apontamento

No outro dia um professor meu dizia que a qualidade hoje em dia já não consiste em apenas corresponder aos requisitos dos clientes, mas também estar à altura das suas expectativas. E eu pensei "como raio se faz uma coisa dessas?". Normalmente as pessoas nunca sabem o que querem, quando sabem não têm a certeza e quando têm a certeza nunca encontram. 

 

É por isto, que eu acho que satisfazer as expectativas de um cliente é quase uma missão impossível. Os clientes nunca estão 100% satisfeitos, seja problema do produto, do entendimento, do clima ou da música.

Em modo de reclamação

Antes de qualquer coisa tenho que informar que este texto é uma generalização, que eu também sei que existem excepções à regra, que existem pessoas rápidas, eficientes e simpáticas. Mas, infelizmente, não é o caso aqui da minha zona. Sempre que por algum motivo preciso de me dirigir a um serviço público, começo logo a suspirar. Seja o centro de saúde, seja as finanças, seja a segurança social ou o centro de emprego, é certinho como o destino que me vai sempre calhar na rifa o pior e mais arrogante funcionário lá do sítio.

Há imensos motivos que levam muitas pessoas a queixarem-se nestes sítios, comecemos por o tempo de espera (que nunca é pouco, bem pelo contrário), mas eu por acaso não me queixo disso, percebo que sejam poucos funcionários para tantas pessoas, percebo que existem pausas para comer e etc, as pessoas não são de ferro. Contudo, QUEIXO-ME quando as pessoas odeiam o seu trabalho e não fazem questão de o esconder, que atirem para o ar a sua opinião sobre assuntos pessoais da nossa vida, sem ninguém lhes ter perguntar. Que sempre que faço uma pergunta, porque todos temos direito a faze-las, sou encaminhada para outro sítio porque "esse assunto não se resolve aqui" ou então sou olhada com um ar "esta gaja é mesmo burra". Mas desde quando é que temos de saber tudo e desde quando é que o óbvio para alguém, é o óbvio de toda a gente?

 

Só me dá vontade de gritar asneiras!

Aumenta o som DJ !

No outro dia por causa deste post, onde mencionei a música da loja, algumas pessoas queixaram-se que por vezes o volume da música dentro das lojas é demasiado alto. E eu pus-me a pensar nisto, e a verdade é que existem discotecas com a música mais baixa que muitas lojas. Porém existe uma razão por detrás disto, que me foi explicado, quando um dia me queixei que já não estava aguentar com a música. Quanto mais pessoas estiverem dentro da loja, mais alto a música vai estar, isto porque obriga a circulação mais rápida, os clientes querem pagar o mais rápido possível e sair dali. Isto, também, pode gerar que as pessoas simplesmente não entram na loja ou entram e saem logo, mas por alguma razão "os que mandam", acreditam que resulta. Da próxima vez que entrarem numa loja em dia de saldos reparem. 

Outra coisa, é a escolha da música. Há empresa que têm um rádio para todas as suas marcas, outras que fazem CD's de propósito para as suas lojas e outras que deixam à escolha dos lojistas. É por estas, que hoje em dia, se ouve demasiado kizomba e reggaeton nas lojas, porque alguém um dia deixou os lojistas escolherem. Eu concordo plenamente que as lojas tenham música, já trabalhei um dia sem música e não foi agradável, e quando já estou farta o meu cérebro acaba por desligar e a certa altura já nem a oiço.

Como tudo na vida é preciso é o equilíbrio certo!

Vudu

Ontem li um post (num blog que não me lembro qual, que nervos!) que resumidamente contava uma situação que uma pessoa tanto lhe perguntava se ela estava doente, que ela acabou mesmo por ficar. Isto lembrou-me de uma vez que fui trabalhar engripada, tinha passado o dia todo pela hora da morte, como se costuma dizer. Fui jantar, tomei uns comprimidos e comecei a sentir-me melhor.

Não quando, uma senhora se aproxima da caixa para pagar qualquer coisa e reparou que eu estava doente. O estado lastimável do meu nariz de tanto me assoar, não deixava margem para dúvidas, mas sem ser isso sentia-me bem. Quando a senhora me diz:

 

"A menina está muito mal, não devia estar aqui. A menina está mesmo, mesmo muito mal. Devia ir embora".

 

Eu sei que a senhora dei meia volta e foi embora, e eu comecei a sentir super mal, tive que me sentar no chão do balcão porque achei mesmo que ia desmaiar, a minha colega veio em meu socorro e tudo. Eu sou daquelas pessoas que não acredita em nada destas coisas, mas que aquela porra foi estranha foi.

 

Barreira Linguística

Com a globalização acelerada que ocorre no nosso mundo, ser lojista tem vindo a tornar-se mais complicado para quem tem mais dificuldade em línguas (estrangeiras, não sei que estavam a pensar). Mas nada temam meus amigos, pois cá eu acho que o essencial e necessário é ser desenrascado. Para resolver problemas de comunicação mais graves, como por exemplo com pessoas chinesas que muitas vezes nem inglês básico falam, já me apanhei em situações de ter que fazer desenhos, escrever o total da conta em números gigantes ou falar para o tradutor do telemóvel do cliente. Ou clientes russos a apontarem compulsivamente para o telemóvel a tentarem mostrar-nos que o pagamento saiu duas vezes da conta e nós a tentar explicar que o nosso MB não deixa isso acontecer. Não perceberam, saíram da loja a chamar-nos nomes feios, calculei eu porque não entendi patavina.

Mas quando eu achei que o problema vinha do outro lado do mundo, os nossos queridos vizinhos espanhóis fazem sempre o favor de nunca perceber nada do que eu diga e acabo por falar com eles em inglês. Eu percebe-os perfeitamente, mesmo sem noções avançadas da língua, mas para eles o nosso português anda perto do chinês. Ou quando uma senhora brasileira me pergunta se temos um "tomara que caí" em preto, e eu tive que ir perguntar à minha colega mas que raio era aquilo. Era um sutiã cai-cai, a verdade é que nunca mais me esqueci. Depois, para melhorar, inventaram uma coisa maravilhosa chamada Tax-Free*, que para acontecer os cliente precisam de nos dar algumas informações, que por vezes só vai lá com gestos.

 

Mas o problema não vem só la de fora, as vezes comunicar com pessoas de outra região do nosso Portugal é um verdadeiro desafio. Sendo eu, uma rapariga do centro do país, a primeira vez que me pediu uma meia-calça, lá fui eu toda contente mostrar leggings à senhora. Mas afinal o que ela queria mesmo eram collants. Ou quando me perguntaram se podia levar uma cruzeta para casa, fiquei uns segundos a pensar "mas que raio é uma cruzeta?", nada mais nada menos que um cabide. Ou ainda, quando as senhoras chamam bikini às cuecas interiores, uma pessoa toca de mostrar bikinis atrás de bikinis e afinal a senhora só quer um par de cuecas.

 

Afinal, ainda se aprendem umas quantas coisas dentro das lojas!

 

*O Tax-Free é a isenção do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) no regime dos viajantes com residência fora da União Europeia.

E quando...

Um dia fui abrir a loja sozinha. Acendi as luzes, varri o chão, abri as caixas, contei o dinheiro, abri as portas, atendi um cliente e fui até a caixa fazer o pagamento. E só quando passado isto tudo, me vejo ao espelho e percebo que passei o tempo todo com os óculos de sol na cabeça.

 

O cliente deve ter pensado coisas bonitas, deve.